
Minha dor não tem som nem gesto,
passa discreta com seu rastro pegajoso,
qual lesma laboriosa sob o sol quente e claro,
juntando da terra os gritos, sangue e pranto.
Minha dor não tem gestual de motim ou alarde,
penetra sem ruído nas madrugadas enlutadas,
deita seu alento no colo débil da noite que estremece,
espoca silenciosa no subterrâneo de todos os lamentos,
percebo então que já não é mais minha,
na vastidão do mundo é a dor de todos os homens.
Sonia Guzzi